terça-feira, 4 de maio de 2010

COSME DE FARIAS (OU O QUE ACONTECE DE FATO COM OS JOVENS ATUALMENTE?)




Com olhos e ouvidos abertos para o social, ilibado, incorruptível, qualidade rara nos dias de hoje aos homens públicos e não públicos, pobre, e mais importante, um ser pensante. Era Cosme de Farias. Contam-se histórias interessantes sobre o rábula. Numa delas, diz-se: o major sentindo-se revoltado com a injustiça praticada contra um réu no tribunal, levantou-se e, ao lado do juiz e dos jurados, ficou por ali com ares de quem procurava algo pelo chão. Intrigado, o juiz perguntou o que ele procurava, eis a resposta “A justiça, meu senhor, que nesta casa anda escondida”. Debatia com o promotor e usava sua oratória ousada e eloqüente. No último dia dois de abril seria mais um aniversário de vida de Cosme de Farias.

O major Cosme de Farias saiu de Paripe onde nasceu para dar seu nome a uma rua de barro, em Brotas, antes chamada de “Quinta das Beatas”. A rua Cosme de Farias era uma quietude bucólica, talvez até lhe coubesse um movimento árcade, “carpe diem”, Cosme de Farias! Isso outrora. Hoje é uma praça de guerra, “Faixa de Gaza” de Brotas, jovens ensandecidos sem motivo aparente para tanta sandice sanguinária, mas cegos para as razões de sobra para indignar-se. Indignar-se pela acentuada (in)diferença social, a má distribuição de renda e emprego, a escassa cultura, escassez da cultura de pensamento e raciocino não a do quadril que estimula perversão ao invés de algum pensamento crítico para mudar ou transformar as coisas da vida, indignar-se pela falta de conhecimento em geral. Indignar-se pelo próprio desinteresse aos livros à mão cheia que estão nas prateleiras das bibliotecas criando mofo, teias de aranhas e traças pelo não uso. Mas não, matam-se. Simplesmente, matam-se. Não sei se vale de alento repetir o bordão da comunidade que se conforma fácil e se acomoda prisioneira dentro de casa: “a violência está em todo lugar”... Está mesmo, mas...

Cosme de Farias morreu pobre, deixou um legado de sabedoria para a grande maioria dos seus vizinhos. Parece que tão valiosas informações não foram passadas para gerações vindouras, excetuando aos que de fato trabalham.
Tudo indica que deixou pérolas para os porcos.

2 comentários:

  1. Vilarinho, o que acontece é que ninguém quer saber de ninguém, meu caro... Isso é fato.

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  2. "Parece que tão valiosas informações não foram passadas para gerações vindouras, excetuando aos que de fato trabalham.
    Tudo indica que deixou pérolas para os porcos."

    Perdeu-se o respeito pelos mais antigos, e o interesse pela sua sabedoria. A pedância dessa geração fez com que muitos conhecimentos se perdessem. Infelizmente, esse é mais um exemplo...

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